Desvendando o Líbano: Jeita, Harrissa e Biblos

Dia de viajar pelo Líbano e descobrir mais lugares lindos desse país. Assim, conhecemos três lugares no mesmo dia: a Gruta de Jeita, Harissa, e, por último, a linda cidade de Biblos!

É um lugar lindo, a gruta fica a 20km de Beirute, no vale de Nahr al-Kalb.

Em 1836, um Padre estava caçando na região, escutou um barulho forte e encontrou um buraco. Ele entrou para ver de onde vinha esse som tão alto e descobriu a Gruta de Jeita – Jeita, em aramaico, significa muito barulho de água.

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A gruta consiste em uma rede de cavernas em dois níveis que penetram a mais de 6km no interior da montanha.*

Ela tem dois níveis:

. Gruta Superior – descoberta em 1969 e aberta à visitação em 1979. A vista começa por ela. Para chegar até lá fomos de bondinho. É nesta gruta que estão as estalactites (formações rochosas que saem do teto para o chão) e as estalagmites (formações rochosas que crescem a partir do chão). Hoje ela é considerada uma das maiores grutas do mundo, tendo sido finalista do concurso que elegeu as sete maravilhas do mundo. É aqui que tem uma das maiores estalactites, medindo 8,20m, é uma obra da natureza que vem sendo “feita” por milhões de anos – cada gota que cai forma por ano 3mm de rocha – imagina então quantos anos tem essa de 8,20m ??? Toda a água das grutas vem do degelo das montanhas, essa água entra pelas fendas da rocha, de calcário, e quando encontra o ar forma a “calcita”, isso é que forma a estalactite. Ela também é chamada de “catedral de pedra” a temperatura interna é constante em 22 Cº, e sua visita é feita caminhando por seus 750m. (dos 2.200m explorados) – as formações rochosas são espetaculares e em relação a uma delas deram o nome de “Torre de Pisa”.

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Bondinho que leva os visitantes à gruta superior.
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Vista da subida.

obs.: em qualquer uma das duas grutas NÃO PODE TIRAR FOTO. A segurança fica de olho nisso. Logo na entrada de cada uma há um armário, super seguro, onde você tem que deixar máquinas fotográficas, de todos os tamanhos, inclusive GoPro, e celulares. As filmagens que eventualmente ocorrem lá, e temos visto em alguns programas de TV no Brasil, apenas são possíveis mediante prévia autorização do Governo.

. Gruta Inferior – foi a primeira a ser descoberta em 1836 e aberta à visitação apenas em 1958. Para chegar até ela há um trenzinho logo na saída da Gruta Superior. A temperatura nela fica constante em 16 Cº. Aqui é feito um passeio de barco pelo lago subterrâneo, por 500m (dos 6.200 explorados) é sensacional, o silêncio quebrado pelo barulho da queda d’água e o eco da conversa dos visitantes, a iluminação, tudo lá dentro dá o encanto ao lugar.

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Descida desde a Gruta Superior.

Fantástico! Sem dúvida um passeio imperdível e inesquecível.

Fomos, como sempre, no inverno, e por conta disso não foi um passeio demorado, ao contrário do verão. No inverno, às vezes, pode nevar e se isso acontece, então eles fecham a atração porque a água sobe e não há como fazer a visita, em especial na gruta inferior.

obs.: o ingresso é valido para entrar nas duas grutas e pegar o teleférico e o trenzinho. Há banheiros no local e armários para guardar seus pertences. Há local para comprar algum petisco ou beber água, coisa simples.

horário: segunda-feira – fechado / terça-feira à domingo – inverno: 9h às 16h / verão: 9h às 17h

valor: 18.150 L.L = U$ 12 (aproximadamente doze dólares). Valores de janeiro/2017.

site: http://www.jeitagrotto.com/

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bilheteria

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Cidade que fica a 38km de Beirute, onde está o Santuário de Nossa Senhora do Líbano, um dos maiores lugares de peregrinação cristã no Oriente Médio. Aqui também é comum ver pessoas de outras religiões, inclusive a islâmica, que respeita muito a Virgem Maria.

O Santuário foi construído em 1904 e a estátua da Virgem (de 8,50m de altura, fabricada em Lyon, na França) foi inaugurada em 1908. *

A estátua é de bronze, pintada de branco, e pesa 15 toneladas – dentro da base há uma pequena capela, onde os fiéis podem rezar, subindo por uma escadinha lateral à base.

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Para chegar ao santuário há 2 maneiras:

  1. subir de carro e parar no estacionamento que tem logo em frente ao santuário – nós fomos de carro.
  2. subir de teleférico panorâmico – que sai de Jounieh – ele te leva ao topo da colina, mas não leva ao santuário; ele te leva apenas até os jardins lá no alto, de onde ainda é necessário subir umas escadas ou pegar um trenzinho para o destino final.
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entrada do santuário
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Jardim do santuário, onde há os verdadeiros cedros libaneses milenares.

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Bem ao lado da estátua tem uma catedral maronita moderna, construída de concreto. Trata-se de uma igreja atual e com uma arquitetura bem moderna.

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É um lindo passeio, com uma vista linda do Mediterrâneo, das cidades de Beirute e de Jounieh – cidade a 19km de Beirute, considerada uma das baías mais lindas do Líbano. A cidade é uma espécie de “Monte Carlo do Oriente” – possui o famoso cassino do Líbano e também muitos restaurantes, boates e bares, cheia de coisas para se fazer à noite. 

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foto cassino

Tem uma estrutura bem legal com loja, cafeteira e banheiro.

Em 10 de maio de 1997, João Paulo II visitou Harissa.

site: http://www.harissa.info/

BASÍLICA DO APÓSTOLO SÃO PAULO

Fica no caminho para Harrisa e na volta do Santuário passamos por lá. Vale também a visita!

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Igreja greco-melquita católica, com arquitetura bizantina, do mesmo estilo da Igreja de Santa Sofia, na Turquia. Todo seu interior é de mosaicos bizantinos banhados a ouro. No passado sediou alguns eventos para recepcionar os papas João Paulo II e Bento XVI.

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Ao lado dela encontra-se o Instituto de Filosofia e Teologia Saint-Paul e a casa provincial da Sociedade Missionária de São Paulo, com uma varanda magnifica com vista para o mar e para as montanhas. *

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Poucas pessoas sabem da existência dessa varanda e não é de fácil acesso ao público.

 

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foto harissa beirute

  • BIBLOS

Está a 36km de Beirute, na costa mediterrânea do Líbano. Ela é chamada de Jbeil – é uma grande atração arqueológica, por causa de séculos de ocupação. O sítio arqueológico vem sendo estudado por arqueólogos franceses desde 1860.

É a segunda cidade mais antiga do mundo com 7 mil anos.

Por milhares de anos a cidade foi chamada de “Gubla” e mais tarde de “Gebal”, enquanto o termo “Canaã” foi aplicado para a costa em geral. Foram os gregos, algum tempo mais tarde, em 1000 a.C, que deram o nome da área da costa de “Fenícia”, e chamaram a cidade de “Biblos” (papiro em grego), porque esse centro comercial era importante para o comércio do papiro que se importava do Egito.

A cidade foi a capital comercial e religiosa da costa fenícia e foi aqui que os escribas da cidade inventaram um novo sistema de escrita por meio de símbolos fonéticos: o primeiro alfabeto linear ancestral de todos os alfabetos modernos. Esse foi um acontecimento revolucionário no sistema de escrita, principalmente depois que foi adotado pelos gregos e romanos. E uma das inscrições mais antigas deste alfabeto está gravada no sarcófago do rei Ahiram, rei de Biblos, que foi encontrado nas ruínas e hoje está exposto no Museu Nacional de Beirute.

Durante o primeiro milênio a.C, o comércio da cidade foi consolidado com a venda de cedro, óleo de oliva, vinho, ouro e papiro, apesar das reiteradas invasões dos assírios, babilônicos e persas. Entre os numerosos restos arqueológicos se destaca a Fortaleza Persa (550-330 a.C), cujas muralhas ainda permanecem erguidas. Após ser conquistada por Alexandre, o Grande, Biblos foi dominada pelos gregos e adotou a cultura e a língua gregas. Em seguida vieram os romanos (64-395 a.C), que trouxeram as construções de grandes templos, banhos, colunas romanas e artefatos. Os bizantinos (395-637 a.C), os árabes (637 a.C. -1104 d.C.), os cruzados, os mamelucos, entre os séculos 13 e 16 d.C., e os otomanos.

Para a cultura os fenícios contribuíram, substituindo os complicados hieróglifos egípcios e os caracteres cunciformes assírios por um novo sistema simples e eficiente – o alfabeto – , com vinte dois caracteres, que foi depois adotado pelo gregos e a partir deles ganhou o mundo ocidental. *

O CASTELO 

Conhecido como o Castelo de Biblos ou o Castelo dos Cruzados, ele foi construído pelos cruzados no século XII d.C., com restos de estruturas romanas. No interior do castelo existe um museu que explica um pouco sobre a história de Biblos.

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entrada do Castelo

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A casa ao fundo foi mantida, a fim de que os visitantes tenham uma ideia de como era antes de os arqueólogos acharem o sítio arqueológico.

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horário: aberto todos os dias – inverno: 9h às 16h / verão: 9h às 17h

valor: 8.000 mil L.L = aproximadamente U$ 6 dólares – Valores de janeiro/2017.

SUK 

Como qualquer cidade árabe não podia faltar, com uma arquitetura no estilo medieval. As ruas e calçadas construídas em pedra, as lojas com portas de madeira … muito charmoso – pena que quando fomos estava chovendo e não conseguimos aproveitar o quanto queríamos, passeando pelas ruelas vão ver que tem muitas lojinhas de souvenir e artesanato local que vale a pena entrar.

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A baía fenícia de Biblos tem mais de três mil anos e é onde aportaram diversas fragatas da antiguidade, continua em operação até hoje.

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A cidade hoje reflete uma mescla de modernidade e antiguidade: o antigo porto, o castelo e a igreja junto a modernas fachadas de vidro. Além do lado histórico, Biblos tem uma das mais belas praias do Mediterrâneo. Até a guerra civil, playboys europeus viajavam até lá nos seus iates. Um deles, o espanhol Pepe, decidiu ficar e fundou o restaurante, que é um dos mais famosos do país.

No verão acontecem muitos festivais. A cidade fica lotada.

Biblos é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO.

A cidade é muito conhecida pela deliciosa cozinha mediterrânea e tem vários restaurantes que servem frutos do mar e também a comida libanesa.

Na guerra foi uma cidade quase nada afetada, pois os moradores fizeram um acordo entre eles, quem tomasse partido seria expulso da cidade.

CATEDRAL DE SÃO JOÃO MARCOS

Antiga Catedral de Biblos, ela abriga a história de sua construção, durante os primeiros séculos da nossa era. Ela foi destruída em 551 d.C., por um grande terremoto, e ainda, a sua reconstrução, se deu durante a era dos Cruzados, em 1115. Curiosamente, ela tem três batistérios, sendo um deles, do lado de fora da Catedral. Na catedral era proibida a entrada de pessoas, que não fossem cristãs, o batismo era então realizado no batistério externo, antes de entrar na igreja. Ela foi mencionada nos Atos dos Apóstolos e que alguns identificam como sendo o mesmo São Marcos evangelista. A igreja, toda de pedra e do tempo dos cruzados, é muito bonita. Está localizada no centro da cidadela medieval.

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Fomos para Biblos no meio da tarde, é relativamente pequena, era inverno, não pegamos nada lotado e sem filas nessa época, mas no calor é bem movimentada.

E ainda tem mais passeios pelo Líbano! Essa foi uma semana intensa, onde conhecemos muitos lugares e a minha intenção aqui é passar o máximo possível de informações. Continuem viajando conosco.

Ah, não se esqueçam que aqui no Blog tem a nossa parte de consultoria, onde customizamos roteiros de acordo com seu perfil, já com as indicações completas. Não deixem de conferir, pois vale a pena para quem gosta mesmo de viajar!

Espero que estejam se divertindo e deixem sua impressão sobre o Blog, pois vou gostar muito de saber a opinião de todos; fóruns de discussão; etc.

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*Obs.: as informações com * foram tiradas do Guia: Líbano – Um oásis no Oriente Médio – Roberto Khatlab. Como mostrado nesse post.  O guia pode ser encontrado nas lojas Maxifour no Brás e em Moema.

 

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