Beirute: “A cidade que se recusa a desaparecer”!

A cidade é uma Fênix, tendo sido reconstruída pela sétima vez. Não tem como não se apaixonar por ela!

BEIRUTE

“Um local onde jorrava água a partir de centenas de fontes naturais e que, pela abundância de suas águas numa área rodeada de desertos, foi chamada pelos fenícios de “Beroth”ou “Bèryte”, que quer dizer exatamente isto: “cidade das fontes”. Foi assim que os fenícios viram Beirute pela primeira vez e foi assim que eles apaixonaram-se por ela.” (trecho tirado do guia: Líbano – Um oásis no Oriente Médio – Roberto Khatlab)

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Beirute é a maior cidade do Líbano, capital do país, e está entre as 10 cidades mais antigas do mundo. Fundada no séc. XIII a.C.

A história de Beirute é muito antiga. Seu nome aparece em inscrições que datam do século 13 a.C. No século I a.C., tornou-se uma colônia romana. No ano 551 d.C. a cidade foi destruída por um terremoto. Por isso, pouco restava dela quando os árabes a invadiram em 635 d.C. Ela “mudou de mãos” várias vezes. Por volta do século IX d.C. a população de Beirute triplicou e começaram a se expandir para além dos muros da cidade. A dominação pelo Império Turco-Otomano durou praticamente 400 anos, tendo caído a dominação após a 1ª Grande Guerra. Porém, o país passou para as mãos dos franceses e, em 1920, estes designaram a cidade como a capital do Líbano e o país só se libertou da França em 1943 (o mandato francês foi de 1918 a 1943), quando finalmente foi declarada sua Independência. No período de dominação francesa Beirute absorveu muitos elementos desta cultura, incluindo arquitetura e língua. Assim, é muito comum as pessoas falarem 3 idiomas, o árabe, o francês e o inglês.

Estar nessa cidade encantadora e que respira história foi maravilhoso. Em Beirute você anda pela orla da praia e consegue admirar as montanhas nevadas que estão muito próximas. Há ruínas romanas, ruínas da época dos Fenícios, igrejas Cristãs e Mesquitas dividindo o mesmo “quarteirão”. Além, é claro, do mar Mediterrâneo, caso queira dar um mergulho. 

A Guerra Civil (1975/1990) destruiu completamente Beirute, uma vez que boa parte dos combates travaram-se no centro da cidade. Ao seu fim, um plano ambicioso de reconstrução foi concebido e investimentos maciços transformaram a cara da cidade de forma inimaginável e hoje, com mais de 1,5 milhão de habitantes, voltou a ser o centro cultural e comercial do Líbano, constituindo-se numa cidade moderna com arranha-céus e hotéis de classe internacional, sem ter perdido sua característica oriental. Tal como a Fênix, Beirute renasce sempre de suas próprias cinzas.*

A guerra trouxe algumas coisas positivas. Na medida em que a cidade estava toda destruída quando acabou o conflito, então, com as escavações para a reconstrução, descobriram no centro histórico as ruínas de um “banheiro” público Romano, com todo seu sistema de circulação e aquecimento de água, um mercado Fenício com arcos, caves, colunas milenares e várias outras ruínas das antigas civilizações que passaram por lá. Isso é realmente incrível!

Foram encontrados vestígios de 17 civilizações diferentes – da pré-história até os nossos dias – que se sucederam em Beirute, uma sobreposta à outra. Os vestígios passam pelo período cananeu, fenício, persa, romano, bizantino, omíada, abássida, cruzado, mameluco, otamano etc. Beirute passou a ser o maior canteiro arqueológico do mundo. O sítio arqueológico de Beirute é de 40 mil m², mas apenas 4 mil metros foram escavados e estudados seriamente até agora. Destes 40 mil m², 8 mil situam-se no centro de Beirute, que foi ocupado continuamente desde a Idade do Bronze. Assim, pode-se dizer que Beirute guarda ainda muitos segredos, muitos dos quais com mais de 5 mil anos.*

É uma cidade onde a diversidade religiosa é muito presente, então, é muito comum ver junto, em um mesmo grupo de amigas, uma mulher muçulmana de véu e, às vezes, com o traje islâmico mais completo, junto com mulheres cristãs, com a roupa “ocidental”. 

Imponente e muito importante, nos conquistou e temos a vontade e a certeza de que voltaremos em breve. Conhecer essa cidade e esse país foi uma experiência encantadora e surpreendente!

  • Guerra

Beirute foi quase totalmente arrasada durante a Guerra Civil (1975/1990). Quarteirões inteiros foram destruídos e a cidade dividida por uma linha verde que separava os bairros muçulmanos e cristãos, mas ainda hoje é possível dizer que Beirute se divide pela “green line”, que separou, na década de 80, a cidade em dois setores: o lado leste, onde vivem, em sua grande maioria, os cristãos, e o lado oeste, onde estão predominantemente os muçulmanos. Hoje em dia é nítida a diferença entre esses dois lados da cidade, principalmente quanto ao seu estado de conservação. O lado muçulmano claramente teve mais dificuldades para se reconstruir.

As marcas da guerra ainda estão bastante presentes na cidade.

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E por mais que Beirute realmente seja uma cidade bonita, com muita coisa para oferecer, os vestígios da guerra estão lá para quem quiser ver. Assim, 15 anos de batalha também causa impacto brutal na economia, daí, em grande medida, a reconstrução se torna ainda mais difícil. 

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Porém, o povo tem se reerguido e se reorganizado com muita eficiência. O Libanês se orgulha da sua historia, não esconde suas cicatrizes e não coloca panos quentes nos problemas, falando das guerras e conflitos com a mesma naturalidade com que fala das ruínas Romanas, da igreja Ortodoxa e da Mesquita que dividem o mesmo quarteirão. O povo se sente orgulhoso por ter nascido num dos berços da civilização, bem como destacam o privilégio de poder esquiar de manhã e nadar no Mediterrâneo à tarde, em razão de sua pequena dimensão geográfica!

Um dos principais “monumentos”  que a guerra deixou foi o hotel Holiday Inn, que era recém inaugurado (1975) quando a guerra civil começou. Por ser o prédio mais alto da cidade à época, então acabou sendo ocupado pelo exército e seus atiradores de elite usavam as varandas dos quartos para atacar os inimigos. Inimigos que sabiam que os atiradores estavam ali, então o prédio foi alvo de muitos bombardeios e incêndios. Entretanto, em razão de sua construção de primeira linha, preparada até mesmo para terremoto, então sua estrutura nunca foi abalada. Ele fica “grudado” no Hotel Phoenicia onde ficamos hospedados. 

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Desse modo, apesar dos resquícios deixados pela guerra civil, a cidade de Beirute vem se destacando na construção de prédios modernos e super luxuosos.

Não deixem de ver o próximo post, onde vou contar tudo sobre os passeios e coisas para se fazer em Beirute! Aguardem que está muito legal e tem muito mais para conhecer, viajando conosco por esse lindo país. 

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*Obs.: as informações com * foram tiradas do Guia: Líbano – Um oásis no Oriente Médio – Roberto Khatlab.  O guia pode ser encontrado nas lojas Maxifour no Brás e em Moema. Antes de viajar procuramos muito um guia sobre o Líbano, mas há esse que é o único e mais completo, não sendo apenas um guia de turismo, mas também histórico, arqueológico, religioso e cultural. Com texto claro e muito informativo.

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