Deir al-Kamar e Beit Eddine: o paraíso dos Emires!!!

Deir al-Kamar e Beit Eddine: um mundo à parte, com palácios lindos e paisagens de tirar o folêgo!

DEIR AL-KAMAR

ou Deir el-Qamar que significa Convento da Lua.

Antes de chegar em Beit Eddine passamos por essa cidade que está a 40km de Beirute. Uma graça!!!

Ela já foi capital do Monte Líbano no início do séc.17 e era governada pelo Emir Fakhreddine II (que era druso – uma dissidência dos muçulmanos desde o século X, uma comunidade religiosa bastante fechada) até sua morte em 1635. A cidade permaneceu como residência dos Emires libaneses até o séc. 18, quando o Emir Bachir II levou a capital para Beit Eddine.

Conhecida como a cidades dos Emires = Príncipes foi construída sobre um penhasco de uma montanha a 850m de altitude e é muito apreciada por suas casas claras com telhados vermelhos.

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A cidade foi restaurada e manteve uma arquitetura feudal, com lindas ruas e jardins. No centro da cidade tem a praça pública com um chafariz =  Midan e é cercada por edifícios históricos como a Mesquita de Fakhereddine Osman Bin Younes – construída em 1493. 

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praça vista de cima.
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Mesquita de Fakhereddine Osman Bin Younes

Na parte de cima da praça tem o antigo Suk (mercado), o Museu dos Hologramas, a Biblioteca da cidade, uma antiga sinagoga que está desativa desde 1860 e também o Museu de Cera Mary Baz. Como estávamos só de passagem pela cidade, fomos conhecer só a biblioteca.

# Dica da Fê – na praça bem no canto embaixo de uma escada milenar fica essa “tia” que faz o pão árabe no Saj que é uma delícia … nós comemos com Zahtar e estava MARAVILHOSO !!! Sem preconceitos ou frescuras (rsrsrs) tem que experimentar.

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Do outro lado da praça, atravessando a rua está o Palácio da Justiça, que hoje é a prefeitura da cidade e a Igreja Saydet Al-Tallé = Nossa Senhora da Colina – “a origem desta igreja remonta o ano 451 d.C e foi construída sobre um templo fenício dedicado a Astarté (Vênus). Observa-se na porta de entrada da igreja, gravado numa pedra, o símbolo da lua crescente, que deu nome à cidade. A igreja é um lugar de peregrinação. Em seu jardim há uma placa em memória aos mártires cristãos de 1860”.*

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porta de entrada da igreja
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placa em memória aos mártires cristãos de 1860

Saindo de Deir al-Kamar, no caminho para Beit Eddine, já na serra passamos pelo CASTELO DE MOUSSA. 

CASTELO DE MOUSSA

Esse castelo, de estilo medieval, foi construído pelo libanês Moussa Mamary, de família humilde. Ele quando criança, durante as aulas, ficava a desenhar castelos, mas seu professor o repreendia, dizendo que ele não um Emir e não tinha dinheiro, devia parar com bobagens e estudar. Porém, o rapaz disse ao professor que construiria um castelo quando ficasse adulto e foi colocado de castigo por dizer tal mentira. O rapaz foi recolhendo pedras que encontrava e acabou construindo sozinho seu próprio castelo. Quando conseguiu realizar sua proeza, voltou para contar o fato a esse professor, mas já era tarde porque ele havia morrido. Hoje é um museu e sua construção demorou 53 anos, de 1945 a 1998. Hoje é de idade e mora em outro castelo, pois acabou ficando rico mesmo. Nós não fomos visitar, só passamos por ele na subida para Beit Eddine.

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vista para os castelos de Moussa
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Apenas essa foto foi tirada da internet.

horário: segunda – fechado / terça a domingo – inverno: das 9h às 16h / verão: das 8h às 18h.

site: www.moussacastle.com.lb

BEIT EDDINE

Cidade ao sul do Líbano, a 900m de altitude, distante 45 km de Beirute. O caminho até lá é sensacional, uma serra toda arborizada.

Nesta cidade tem o palácio de mesmo nome e que foi construído entre os anos de 1788 e 1818, sob a direção do então Emir Bachir II, que à época comandava o país. Depois da construção do palácio o Emir exigiu que as mãos dos arquitetos fossem cortadas para que eles não fizessem mais nenhuma construção semelhante – legal ele, né? -, para tornar o palácio único e exclusivo em todo o mundo. Bachir viveu ali até 1840. O palácio foi posteriormente ocupado pelos otomanos e se tornou residência dos governantes. Foi também um prédio administrativo durante a ocupação francesa na Primeira Guerra Mundial. Após a independência em 1943, o Palácio virou residência oficial de verão do presidente do país.

Hoje é aberto a visitação e conta com um museu. O presidente da República fica 2 meses aqui no verão. Visitamos a parte que ainda hoje é utilizada pelo presidente para receber algumas pessoas (amigos e autoridades). Não é permitida a visita à parte da residência dele.

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esta sala é utilizada até hoje pelo presidente para receber autoridades.

Todos os anos no verão ocorre um dos festivais de música mais importantes do Oriente Médio.

O lugar é lindo, enorme, com a típica arquitetura árabe, com muita natureza e lindos jardins. Trata-se de uma das principais atrações turísticas do Líbano.

Todo complexo do palácio está dividido em três partes:

1. Dar al-Baranié – engloba a entrada principal com o enorme pátio de 107 x 60 m = Midan – onde antigamente se concentravam os cavaleiros, cortesãos e os viajantes, e na sua lateral ficavam os apartamentos públicos do palácio, onde se hospedavam aqui por até três dias as pessoas que desejavam falar com o Emir – ele sequer perguntava a origem ou identidade dos viajantes.

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Entrada do palácio.
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Midan
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Apartamentos públicos. 
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Midan – visto da escadaria que dá acesso ao Dar al-Wusta (outra área do palácio).

2. Dar al-Wusta –  é a parte central do palácio. A escadaria que está atrás do Midan leva a essa outra parte que se caracteriza essencialmente pela encantadora arquitetura, e por seus portões decorados com mosaicos e incrustações em estilo damasquino. Ao cruzar a entrada principal à direita encontra-se o alojamento da família que estava a cargo da guarda do palácio, e à esquerda os escritórios administrativos dos ministros, tudo isso em um pátio com um lindo chafariz ao centro e com vista para o vale. 

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Nessa parte já podemos reparar nos lindos trabalhos dos artesãos, tudo feito em:

. Mármore – artesãos italianos

 Esta sala servia como escritório e salão de recepção do Emir e sua corte

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As fontes de mármore e painéis foram projetadas para esfriar o ambiente no verão, mas elas também eram usadas para mascarar, com seu barulho, a conversa dentro das salas, de forma a prevenir que alguém de fora ouvisse o que o Emir tinha para dizer. Quando era um assunto secreto ele aumentava o volume da água. 

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. Madeira Esculpida em Alto Relevo – artesãos sírios

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. Mosaicos e Pedras – artesãos libaneses

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# curiosidade

  • as escadas com 2 degraus nas entradas dos salões tem a forma da mão aberta, significando que o dono da casa recebe seus visitantes com a mão aberta, demonstrando a hospitalidade libanesa.

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  • as escadas com “2 lados” e são bem maiores simbolizam os braços, significando que o dono da casa recebe a todos de braços abertos. Sem dúvida uma cultura de muita simbologia.
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a escada simbolizando os braços abertos do Emir.

3. Dar al-Harem – onde estão os apartamentos privados (Harém) do Emir (Príncipe), com uma vista linda para as montanhas e para o vale. As cozinhas e os banhos possuem três salas – uma fria, uma morna e uma quente.

A fonte e ao fundo a entrada do Dar al-Harem.

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Os apartamentos privados do Emir e sua família estão localizados atrás dessa porta, onde há um pátio, mas não é possível ver os aposentos, pois eles têm vista para o lado do vale.

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Entre os dóis haréns está a área dedicada à cozinha, onde eram preparadas diariamente refeições para mais de 500 pessoas.

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Das varandas do Dar al-Harem se tem uma bonita vista dos jardins e arredores do palácio.

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Essas são as salas do Harém.

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Nesta sala abaixo, as mulheres ficavam “escondidas”, por esses vidros coloridos elas tinham a visão do pátio, mas quem estava lá embaixo não conseguia ver nada na parte de cima.

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vista que as mulheres tinham

Os banhos, ou hammam, foram feitos na parte de cima, dos mais belos do mundo árabe. Seguindo a tradição que remonta ao tempo dos romanos, uma sala fria, usada para se despir e para relaxamento antes e após o banho. Nesta sala de recepção, o Emir também discutia política, literatura ou ouvia os últimos rumores. Na segunda seção dos banhos está a sala morna, que era usada para massagens e servia como transição da fria e quente – para tirar o “cascão”, sujeira impregnada – e depois, para sair dos banhos, era feito o caminho inverso, a fim de se evitar resfriados e pneumonia.

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Subsolo do Palácio – hoje abriga o Museu de Mosaicos, era o antigo estábulo. Os mosaicos expostos nessa parte do palácio foram trazidos de várias regiões do Líbano, principalmente de Jieh. Foram restaurados e são do séc. V e VI d.C, é a coleção mais importante de mosaico bizantino do Oriente Médio.

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Jardins do Palácio 

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vista desde o jardim
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mosaicos que foram tirados de Jieh e que estão no jardim  

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O Emir Bachir II  fez mais 3 outros palácios para os filhos na mesma região, mais para cima na montanha. Assim ele conseguia vigiar e ter os filhos por perto. Hoje em dia um deles não existe mais por conta das guerras; o outro virou residência do patriarca da igreja maronita; e, o último se tornou um hotel 5 estrelas que visitamos – de lá a vista é total para o Beit Eidine e também tem um restaurante bem legal, onde almoçamos com música árabe ao vivo. E ainda conseguimos ver um casamento Druso. Maaaara!!!

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casamento Druso 
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vista do Palácio de Beit Eddine desde o palácio de um dos filhos

horário: segunda – fechado / terça a domingo – inverno: das 9h às 16h / verão: das 9h às 18h.

valor: 13.000 L.L (aproximadamente 9 dólares) – valores de jan/2017.

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Muito feliz, com a viagem, mas triste porque já estamos indo embora. Aqui com esse post termino nossa linda viagem por esse país que nos ensinou muita coisa. Uma das principais, a meu ver, foi que é preciso aprender, entender, aceitar e conviver com as diferenças, pois apenas assim conseguiremos, de fato, evoluir como sociedade e como seres humanos. 

Na saída do Líbano para outro destino, já com tudo fechado desde o Brasil, para uma viagem de 12 dias, infelizmente, por motivos alheios à nossa vontade, força da natureza, não conseguimos ir. Assim, tivemos que re-arrumar a viagem – como já disse em várias oportunidades aqui no Blog -, imprevistos acontecem, principalmente em viagem. Temos sempre que manter a calma, pois tudo se resolve. Antonio e eu, em momento nenhum quando descobrimos que nosso voo havia sido cancelado, perdemos o bom humor e a paciência. Como ficar bravos ou chateados, sendo que estamos viajando, conhecendo novos lugares, novas culturas? Impossível.

Portanto, pegamos o mapa e estudamos as opções possíveis, até que surgiu a idéia da Eslovenia; um pais que sempre tivemos vontade de conhecer, mas nunca se encaixava em nossos roteiros. Por conta disso ficamos mais 1 dia e meio no Líbano. E essa nova aventura agora é assunto para o próximo post … vou contar tudo direitinho como foi essa “nova viagem”. 

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Obs: Ah, não se esqueçam que aqui no Blog tem a nossa parte de consultoria, onde customizamos roteiros de acordo com seu perfil, já com as indicações completas. Não deixem de conferir, pois vale a pena para quem gosta mesmo de viajar!

Espero que estejam se divertindo e deixem sua impressão sobre o Blog, pois vou gostar muito de saber a opinião de todos; fóruns de discussão; etc. COMPARTILHEM!!!

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*Obs.: as informações com * foram tiradas do Guia: Líbano – Um oásis no Oriente Médio – Roberto Khatlab. Como mostrado nesse post.  O guia pode ser encontrado nas lojas Maxifour no Brás e em Moema.

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